No final do século XVI, Portugal padecia de uma extrema escassez de cereais, ouro e mão-de-obra. Eram problemas comuns a toda a Europa devido à peste negra, Guerra dos Cem Anos, más colheitas, fome e consequente diminuição de população. Dado o contexto vivido durante esse tempo, todos os grupos sociais (nobreza, clero e burguesia) uniram-se com o objetivo de encontrar uma solução para estes problemas através da conquista de novos territórios e expansão da fé cristã. Por isto, Portugal foi o primeiro país europeu a dar início a um processo de expansão territorial, que mais tarde viríamos a conhecer como os Descobrimentos.
Condições que motivaram a expansão portuguesa
Portugal entra num período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, após a morte de Fernando I, em 1383. Dado não haver herdeiro masculino, a sucessão ao trono recaía sobre D. Beatriz, filha única de Fernando I e de Leonor Teles de Menezes, casada aos onze anos de idade com o rei D. João I de Castela.
Formam-se duas vozes: uma a favor e outra contra D. Beatriz como rainha de Portugal. D. João, Mestre de Avis e meio-irmão de Fernando I, assume a chefia do movimento popular (apoiado pela burguesia) e é proclamado rei de Portugal, dando início à 2. ª dinastia ou dinastia de Avis. No início do seu reinado, Portugal é várias vezes invadido pelo rei de Castela, D.Fernando I. Tensão que resulta na Batalha de Aljubarrota (1385), na qual Portugal sai vitorioso.
Com a centralização do poder, o apoio da burguesia mercantil portuguesa e a consagrada paz com Castela, em 1411, estão criadas as condições para a conquista de novos territórios.
Vamos ver, em detalhe, as condições que deram início à expansão portuguesa:
Condições políticas e económicas
O período de paz e estabilidade política conseguidas no reinado de D.João I proporcionaram o ambiente adequado para preparar a primeira conquista fora do continente europeu. A burguesia desejava encontrar novos produtos e novos mercados para aumentar os seus lucros, o clero queria expandir a fé cristã junto de povos com outras religiões, a nobreza estava interessada em aumentar a sua influência através da conquista de novas terras e riqueza, e o povo precisava de melhores condições de vida. O primeiro lugar conquistado foi Ceuta (1415), situado no norte de África, e a partir daí os navegadores portugueses foram conquistando territórios ao longo da costa africana, em direção a sul, adquirindo muitos bens africanos para serem vendidos pela Europa. As expedições marítimas eram financiadas pelos lucros conseguidos e pela mão-de-obra escrava adquirida. O grande interesse no continente africano deve-se à necessidade de obter minerais preciosos (como outro e prata) para criar moedas.
condições técnicas e científicas
Portugal beneficiou do conhecimento de astronomia, cartografia e matemática providenciado por judeus e muçulmanos que trabalhavam para a corte portuguesa. Com esta conjugação de saberes, aliado à experiência dos portugueses no mar pela proximidade marítima e atividades piscatórias do comércio marítimo, assim como o desenvolvimento de instrumentos técnicos de navegação como a bússola, astrolábio, quadrante, e a construção de caravelas, vela triangular e leme central.
condições geográficas e humanas
Metade de Portugal está em contato com o mar, o que lhe dava uma costa marítima estratégica assim como a sua proximidade às ilhas atlânticas e norte de África, e por causa disso e para além disso, era dotado de uma grande quantidade de marinheiros experientes.
Quais foram os motivos que impulsionaram a expansão portuguesa?
Os motivos que inspiraram o rei D.João I, o clero, a nobreza e a burguesia a expandir o território português foram o desejo de expandir a fé cristã, a paz consolidada e a necessidade de obter ouro e produtos para lucro.
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