Memorial do Convento, obra vencedora do Prémio Nobel da Literatura, é um romance saramaguiano de 1982, internacionalmente aclamado pela sua representação da História e da história (da obra).
A narrativa
A obra contém três linhas de ação principais, que se interligam:
A construção do Convento de Mafra;
A história de amor de Baltasar e Blimunda;
A construção da passarola pelo Padre Bartolomeu.
A construção do convento é a correspondente ao tempo histórico: situa-nos no século XVIII, um tempo de riqueza e ostentação e de marcados contrastes sociais, que se alia à visão crítica da obra: Saramago faz uma releitura da História e exalta novos heróis (o povo), como o Padre Bartolomeu e a sua passarola.
Assim sendo, o tempo da narrativa estende-se de 1711 a 1739.
As personagens
Em Memorial do Convento, as personagens podem ser divididas em três grupos distintos:
As personagens do poder
As personagens do querer
As personagens do fazer
D. João e D. Maria Ana - têm uma relação distante e protocolar; não se amam.
O Padre Bartolomeu de Gusmão e Domenico Scarlatti.
Baltasar e Blimunda - a representação de um amor sincero; o povo, em particular os trabalhadores na construção do convento.
O teatro da corte: relações ritualizadas, marcadas por uma grande convenção e pelo distanciamento.
O poder do sonho.
A epopeia do povo: genuinidade e força das gentes.
O poder
O contrapoder
Nota: Todas as personagens de Memorial do Convento têm uma dimensão metafórica e emblemática.
Linguagem saramaguiana na obra
Tomoralizante
Aproximação do discurso escrito ao discurso oral, por meio de frases longas, conjugação de modalidades de reprodução do discurso e predomínio de orações coordenadas.
Uso peculiar dos sinais de pontuação
Como próprio de Saramago, há apenas recurso à vírgula e ao ponto final; discurso direto apresentado sem as marcas gráficas habituais: as falas são iniciadas por maiúscula e isoladas por vírgulas.
Narrador
Tece comentários irónicos ao longo da obra, sendo normalmente omnisciente.
Intertextualidade
Obras e autores portugueses e estrangeiros; uso de provérbios populares e expressões idiomáticas.