Álvaro de Campos nasceu em Tavira em 1890, sendo dois anos mais novo do que Fernando Pessoa. É engenheiro naval em Glasgow e já viajou um pouco por todo o mundo.
Campos é o heterónimo que satisfaz o impulso de escrita de Fernando Pessoa Ortónimo. Os seus poemas são, geralmente, longos, desordenados e confusos, repletos de interjeições ou exclamações, numa profecia clara da vida industrial modernista e da violência que essa nova era acarreta.
Fases da poesia de Álvaro de Campos E OBRAS de referência
Fase Decadentista
Marcada por uma desilusão enorme e tédio de viver, numa procura por evasão com recurso ao ópio e a outras drogas; o poeta vive em busca de novas sensações, denunciando, no processo, o fatalismo português que o assombra.
Opiário
Fase Futurista
Os poemas surgem cheios de delírios futuristas, apologias à civilização tecnológica e da modernidade e desejos violentos. Além do Futurismo, o Sensacionismo é outro tema de eleição: expressão excessiva de sensações, sadismo, masoquismo e euforia emocional caracterizam os poemas da fase futurista de Álvaro de Campos.
Ode Triunfal
Fase Abúlica/Fase Intimista
O poeta entra num estado de grande depressão e tédio, sente-se angustiado e frustrado, isolado do mundo pelas suas dificuldades de socialização. Assemelha-se ao ortónimo ao nível da dor de pensar e do tom altamente introspetivo.
Tabacaria
As diferentes fases da poética de Campos demonstram, numa macroescala, que as pessoas apresentam, ao longo do tempo, diferentes estados de espírito, sendo seres emocionalmente complexos e delicados.
O sujeito e a sua consciência do tempo
O sujeito poético dos poemas de Álvaro de Campos tem um conhecimento especialmente vasto acerca de si mesmo e dos outros; reconhece o que está a sentir e por que o está a sentir.
Analisa o presente de forma eufórica, especialmente durante a Fase Futurista, em que tudo é veloz, colorido, barulhento, num contraste gritante com a Fase Abúlica, em que a depressão e o silêncio o consomem. Não obstante, há uma consciência da origem destes sentimentos, sejam eles motivados pela droga, pela euforia modernista ou pela angústia depressiva.
O único tempo que é visto pelo sujeito lírico como sendo de pura felicidade (não eufórica) é o passado. Aquilo que já passou, como a sua infância, é a única fonte de felicidade e afasta-se mais a cada dia que passa.
Nota: No âmbito da temática da Nostalgia da Infância, este eu lírico apresenta a infância como símbolo da sua pureza e inconsciência, estando certo de que foi o ganho da consciência que fez com que esse tempo de felicidade se perdesse irrecuperavelmente.
Imaginário épico em Campos
Vários poemas apresentam um grande imaginário épico, especialmente ao nível de obras como a Ode Marítima (1915) ou a Ode Triunfal (1914), que são escritas em forma de Ode e exaltam o moderno e a apoteose da civilização, bem como o seu progresso técnico. A linguagem contemporânea adapta a Ode Clássica e transforma-a numa obra Modernista, que exalta a máquina como, por exemplo, os Gregos Antigos exaltavam os heróis.
Linguagem e estilo
Irregularidade estrófica e métrica (estrofes e versos longos) e versos soltos;