Alberto Caeiro nasceu em 1889 e faleceu em 1915, nunca tendo tido uma profissão. Fez apenas a escola primária e tornou-se órfão muito jovem, vivendo uma vida modesta no campo. Caeiro é tratado como "O Mestre" entre os heterónimos, pelo facto de ser o homem mais simples de entre eles, vivendo em paz, tranquilidade e serenidade: recusa pensar e privilegia o sentir.
Alberto Caeiro é o completo oposto do ortónimo e simboliza a fuga à dor de pensar, é o poeta que Fernando Pessoa gostaria de ser.
Comunhão com a Natureza
A poesia do Mestre integra perfeitamente a Natureza e o sujeito poético, identificando a humanidade com os elementos naturais. Além de elementos naturais em si, é notório um teor pagão na poesia - o mundo natural acaba por ser como que uma divindade ele próprio, adorado pelo sujeito poético.
Esta poesia em uníssono com a Natureza é uma poesia deambulatória: o eu lírico deambula pelo campo e escreve aquilo que vê, exatamente como vê. Não há qualquer tipo de intelectualização da realidade.
Primado das sensações
Alberto Caeiro dá destaque às sensações no que diz respeito ao conhecimento do mundo, de forma completamente objetiva. Nega categoricamente atitudes de análise e interpretação, com um posicionamento que só pode ser caracterizado como antimetafísico (rejeita tudo o que ultrapassa a apreensão imediata do real).
O Guardador de Rebanhos: o dia triunfal
Segundo reza a história, a 8 de março de 1914, Fernando Pessoa ter-se à levantado e escrito, de pé, contra a sua secretária, uma coleção de mais de 30 poemas, assinados por Alberto Caeiro: O Guardador de Rebanhos.
Além do que se especula, é facto que estes poemas têm um tema estrutural comum: a simplicidade da Natureza e a necessidade de anular o vício de pensar. O sujeito poético de todos estes poemas vive em paz consigo mesmo, sem ambições, escrevendo de forma natural e instintiva. A mensagem fundamental é a de que pensar é o caminho para a infelicidade, que, de resto, é um tema constante em Alberto Caeiro.
Linguagem e estilo
Linguagem simples e objetiva;
Vocabulário e imagens do campo lexical da natureza;
