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Fernando Pessoa

"A Ceifeira" - análise do tema: dor de pensar

"A Ceifeira" - análise do tema: dor de pensar

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Docente: Beatriz M

Resumo

A Ceifeira - análise do tema: dor de pensar

​​Em poucas palavras

No contexto da análise da obra pessoana, um dos temas principais que decorre de todos os outros e, simultaneamente, os causa é a dor de pensar. Este sofrimento emocional decorre da excessiva intelectualização dos sentimentos e emoções, levando a uma lucidez devastadora acerca do mundo e da vida. Pode ser tida, também, como uma sequência lógica do fingimento artístico: o sujeito poético pensa tanto sobre aquilo que serve, para conseguir produzir a sua poesia, que acaba por se sentir esgotado pela própria vivência e pensamento.


Ela canta, pobre ceifeira


Ela canta, pobre ceifeira,

Julgando-se feliz talvez;

Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia

De alegre e anónima viuvez,


Ondula como um canto de ave

No ar limpo como um limiar,

E há curvas no enredo suave

Do som que ela tem a cantar.


Ouvi-la alegra e entristece,

Na sua voz há o campo e a lida,

E canta como se tivesse

Mais razões para cantar que a vida.


Ah, canta, canta sem razão!

O que em mim sente 'stá pensando.

Derrama no meu coração

A tua incerta voz ondeando!


Ah, poder ser tu, sendo eu!

Ter a tua alegre inconsciência,

E a consciência disso! Ó céu!

Ó campo! Ó canção! A ciência


Pesa tanto e a vida é tão breve!

Entrai por mim dentro! Tornai

Minha alma a vossa sombra leve!

Depois, levando-me, passai!



Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 


A denúncia da existência

O pensamento do sujeito poético acerca daquilo que sente vai tornar-se uma denúncia clara da existência: pensar na existência é sufocante, mas faz com que o sujeito poético tome consciência de que está vivo. 


Há uma tendência constante para a intelectualização de tudo aquilo que se sente: o sujeito poético não consegue viver sem pensar no que se passa à sua volta e no que sente de acordo com isso; a intelectualização trará inevitavelmente infelicidade.

Consciência e pensamento tornam a lucidez completamente devastadora e fazem com que a própria existência se torna cansativa e dolorosa.


O desejo de inconsciência

A partir desta dor enorme, vai nascer uma inveja e um desejo de ser inconsciente e ignorante às dores e sofrimentos da vida: neste caso específico em "Ela canta, pobre ceifeira", o objeto desta inveja é uma ceifeira que canta, completamente inconsciente da vastidão da existência e de tudo a ela associada. O sujeito poético, essencialmente, inveja quem não tem lucidez; os inocentes que não foram corrompidos pela intelectualização das emoções.


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FAQs - Perguntas Frequentes

O que é a "dor de pensar"?

Que poemas de Fernando Pessoa (ortónimo) exprimem melhor a "dor de pensar"?

A "dor de pensar" é consequência lógica de que outra temática?

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