Condições: Conceito, operações lógicas e segundas Leis de De Morgan
Variáveis
Uma variável é uma letra que pode assumir vários valores. Quando se substitui uma variável numa expressão por um valor, diz-se que se está a concretizar essa variável.
Exemplo
Considera a expressão xyz+x2z. Esta é uma expressão nas variáveis x, y e z. Quando se substitui x por 2, y por 1 e z por −1, obtemos o número −6. x tem de ser substituído por 2 nas duas parcelas.
Nota: O domínio de uma variável é o conjunto de valores que essa variável pode tomar.
Condições
Uma condição é uma expressão que se transforma numa proposição quando se concretizam as suas variáveis.
Exemplo
A expressão 2x+3 não é uma condição, mas a expressão "x é uma cidade portuguesa" é, já que quando se substitui x pelo nome de alguma cidade se obtém uma afirmação passível de ser verdadeira ou falsa.
Um elemento do domínio de uma variável é uma solução da condição se ao substituir a variável por esse valor a expressão se transforma numa proposição verdadeira.
Exemplo
"Porto" é solução da condição "x é uma cidade portuguesa", mas "Paris" não é.
Quantificador existencial
Chama-se quantificador existencial ao símbolo ∃ (que se lê "existe " ou "existe pelo menos um").
Exemplo
∃n∈N:n é par (Existe pelo menos um número natural que é par).
Nota: O quantificador existencial utiliza-se com o sinal ":".
Dada uma condição num determinado domínio, a utilização do quantificador existencial transforma-a numa proposição que é verdadeira se a condição tem solução nesse conjunto e falsa se a condição é impossível neste conjunto.
Exemplo
A proposição ∃x∈R:x+2=x2 é verdadeira, pois a condição x+2=x2 tem solução em R (por exemplo, o elemento x=2).
Condições possíveis e condições impossíveis
Uma condição p(x) diz-se possível num conjunto A se tiver solução nesse conjunto. Nesse caso (e só nesse caso), a proposição ∃x∈A:p(x) é verdadeira. Caso contrário, a condição diz-se impossível.
Exemplo
A condição x2=−2 é impossível em R, já que o quadrado de qualquer número real é um número não negativo, logo em particular qualquer número real tem quadrado diferente de −2.
Quantificador universal
Chama-se quantificador universal ao símbolo ∀ (que se lê "para todo" ou "qualquer que seja").
Exemplo
∀x∈N,x∈Z (Qualquer que seja o número natural x, x é um número inteiro).
Também se pode ler, de maneira mais simples, "Todo o número natural é inteiro.".
Nota: O quantificador universal utiliza-se com o sinal ",".
Dada uma condição num determinado domínio, a utilização do quantificador universal transforma-a numa proposição que é verdadeira se todos os elementos do domínio são solução da equação e falsa se pelo menos um dos elementos do domínio não é solução.
Exemplo
A proposição ∀x∈N,x é par é falsa, pois existem números naturais que não são pares.
Condições universais
Uma condição p(x) diz-se universal num conjunto A se todos os elementos desse conjunto forem solução da condição. Nesse caso (e só nesse caso), a proposição ∀x∈A,p(x) é verdadeira. Caso contrário, a condição diz-se não universal.
Exemplo
A condição x2>−1 é universal em R, pois qualquer número real tem quadrado maior ou igual a 0, logo em particular o quadrado de um número real qualquer é maior do que −1.
Segundas leis de De Morgan
Negação do quantificador universal: ∼[∀x,p(x)]⇔∃x:∼p(x)
Negação do quantificador existencial: ∼[∃x:p(x)]⇔∀x,∼p(x)
Exemplo
Negar que todas as canetas de um conjunto são vermelhas é o mesmo que dizer que pelo menos uma delas não é vermelha.
Negar que pelo menos uma das canetas do conjunto é vermelha é o mesmo que dizer que nenhuma caneta é vermelha, ou seja, todas são não vermelhas.
Contraexemplo
Um contraexemplo é uma concretização de uma variável que não satisfaz uma dada condição p(x). Serve para mostrar que a proposição ∀x,p(x) é falsa.
Exemplo
Considera a proposição ∀n∈N,n primo ⟹n ímpar. Esta afirmação é falsa porque n=2 é um número primo mas não é ímpar. O número natural n=2 mostra então que a condição não é sempre satisfeita, funcionando como um contraexemplo.