O Cristianismo e a queda do Império Romano

Introdução

No século I d.C., durante o Império de Augusto, surge, na Palestina, uma nova religião: o Cristianismo. Embora tolerado numa primeira fase, os Romanos esforçam-se por conter a propagação desta nova fé religiosa, iniciando um longo período marcado por perseguições aos cristãos. Ao fim de muitas provações, o Cristianismo consegue estabelecer-se, tornando-se a Religião Oficial do Império Romano.

Afirmação do Cristianismo

A mensagem cristã representava uma ameaça ao Estado Romano: os cristãos recusavam-se a praticar a religião romana, a prestar culto ao Imperador, condenavam os costumes romanos e defendiam valores que eram incompatíveis e ameaçavam o normal funcionamento do Estado Romano.

Cristianismo

Religião fundada por Jesus Cristo. A doutrina cristã caracterizava-se por ser uma mensagem direta de Deus aos Homens, enquanto indivíduos e comunidade. O seu desenvolvimento no seio de uma comunidade judaica pode ser explicado pelo contexto da diáspora judaica e o credo no Messianismo.

Cronologia de Acontecimentos

O processo de reconhecimento e afirmação da religião cristã pode ser resumido da seguinte forma.

7/4 a.C. - 30 d.C.	Vida de Jesus Cristo (o "Messias").
30 d.C. - 313 d.C.	Cristianismo Proibido - período das Perseguições aos Cristãos.
313 d.C.	Édito de Milão - concessão de liberdade religiosa aos Cristãos.
380 d.C.	Édito de Tessalónica - Cristianismo torna-se a Religião Oficial do Império Romano.
385-392 d.C.	Proibição de todas as práticas pagãs no Império.
395-476 d.c.	Decadência e Queda do Império Romano do Ocidente

Ascensão da Igreja, Declínio do Império

Após 380, assiste-se ao estreitar de laços entre a Igreja e o Estado Romano. O Império Romano converte-se em Império Cristão, e a visão sacralizada do Imperador é extinta. Contudo, surge nova visão oportuna: o Imperador não é Deus, mas é o seu mandatário. É o escolhido para governar na Terra, em nome Dele. Esta argumento será utilizado, daqui em diante, para legitimar qualquer forma de poder (ou governação) futura.

Ironia ou não, os anos que se seguiram marcam o declínio deste Império inquebrável. Dá-se uma inversão de papéis, qual jogo de azar: à medida que o Império colapsa, a Igreja fortalece-se sob a alçada do poder imperial.

Este fortalecimento deveu-se, em boa medida, à apropriação de legados e modelos romanos. Por exemplo, no que à Administração, ao Direito e à Arquitetura diz respeito. A Igreja, aliás, há de triunfar sempre através desta capacidade de ajuste, apropriação e ressignificação.

Alteração da Geografia Política

Das crises político-militares à divisão Império

Desde o século III que o Império Romano atravessava um período de instabilidade política - da qual resultaram crises político-militares - e enfrentava a séria ameaça de invasões bárbaras, como os Germanos (situados a Norte) - coisa que acabou por suceder.

A pressão das tribos bárbaras vai levar os Romanos a realizar reformas administrativas e militares e a adotar uma nova estratégia política: a divisão do poder político por vários Imperadores (ou coimperadores). Esta reforma vai colidir na divisão definitiva do Império em 395 d.C., altura em que é dividido ao meio: Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino) e Império Romano do Ocidente.

Invasões bárbaras e a Queda do Império Romano do Ocidente

Embora a ameaça de povos bárbaras fosse há muito uma realidade, só no século V é que as invasões tornaram-se mais frequentes e violentas. Isto deveu-se à pressão que a tribo dos Hunos exercia sobre as restantes tribos germânicas, situadas nas fronteiras do Império. As tribos germânicas, receosas dos ataques Hunos, começam a furar as fronteiras do Império e a procurar refúgio dentro dele.

O desfecho já se adivinha: à medida que se adentram no Império vão espalhando o caos e o terror. Pilham, saqueiam e destroem o território romano. Estava instalado o clima de guerra. No ano 476, na sequência da invasão de um dos povos bárbaros, os Hérulos, o último Imperador romano é deposto. Encerrava-se assim o último capítulo do Império Romano do Ocidente.

Fim da Idade Clássica

Com a queda do Império Romano, a Europa perde a sua unidade imperial. Como consequência, assiste-se à formação de novos reinos, situados um pouco por toda a Europa. Qualquer herança e ligação que existia à Antiguidade Clássica, perdeu-se. Surgira um novo mapa geopolítico e uma nova época histórica: a Idade Média.

A Queda do Império Romano representou, grosso modo, um retrocesso civilizacional aos níveis económico, político e cultural. No entanto, uma instituição conseguiu resistir às adversidades e perseverar: a Igreja Romano-Cristã, que ocupará um papel de destaque com a evangelização e cristianização dos reinos bárbaros.