Após a invasão muçulmana, em 711, inicia-se a Reconquista Cristã, um conflito longo e sangrento, repleto de guerras entre a cristandade ibérica contra os árabes islâmicos que dominavam parte significativa da Península desde o século VIII. A motivação dos cristãos era retomar o território invadido pelos muçulmanos.
Reconquista Cristã
Reconquista Cristã
Processo histórico ao longo do qual os reinos cristãos da Península Ibérica procuraram dominar a região durante o período de Al-Andalus. Tal processo decorreu entre 718 (ou 722) e 1492, com a conquista do Emirado de Granada.
Em 711, um exército muçulmano atravessou o Estreito de Gibraltar e derrotou o exército do rei visigodo cristão Rodrigo. O exército visigodo estava enfraquecido devido a lutas internas e, em poucos anos, os muçulmanos ocuparam quase toda a Península Ibérica, onde permaneceram durante mais de oito séculos, deixando uma importante herança, fruto das suas próprias qualidades.
Os muçulmanos, ao tomar a Península Ibérica, espalharam os seus costumes e regras, fazendo com que as populações adotassem, inclusivamente, a língua (várias palavras da língua portuguesa têm origem no árabe).
Os cristãos que se refugiaram nas Astúrias decidiram que iriam lutar contra os muçulmanos e recuperar as terras da Península Ibérica.
Foi exatamente a partir desse ponto que se estendeu a Reconquista.
Cristãos, Muçulmanos e Judeus na Península Ibérica
Durante o domínio muçulmano, os povos que habitavam a Península tiveram a possibilidade de permanecerem na posse dos seus bens e com liberdade religiosa. Muitas autoridades visigodas mantiveram-se nos seus cargos, tendo apenas que pagar impostos aos muçulmanos.
As civilizações cristã e muçulmana eram muito diferentes, em termos culturais, económicos, linguísticos, religiosos e nos costumes: enquanto os cristãos eram um povo rural e marcado pelo arcaísmo, os muçulmanos eram um povo comercial, urbano e desenvolvedores de escolas e bibliotecas.
As relaçõesiniciais entre estes povos foram, de modo geral, pacíficas, o que promoveu importantes trocas culturais e até fez com que alguns cristãos se convertessem ao Islamismo.
Os muçulmanos demonstraram também tolerância para com as populações judaicas, autorizando os seus costumes e cultos, deixando-os viver em bairros demarcados, onde praticavam a sua religião, na sinagoga ou em casa.
Os cristãos que viviam entre muçulmanos e estavam, por isso, subjugados à sua autoridade eram chamados moçárabes. Para além do pagamento de impostos, os cristãos e judeus viviam em bairros próprios, não podendo exercer cargos públicos nem casar com mulheres muçulmanas.
Depois da Reconquista, alguns muçulmanos - os mudéjares - mantiveram-se na Península, devido à boa convivência com os cristãos, habitando em mourarias e praticando a sua religião sem entraves ou censura.
A formação de Portugal
O Condado Portucalense
A guerra entre cristãos e muçulmanos prosseguiu durante vários séculos, desenrolando-se com frequentes avanços e recuos de ambas as partes. A conquista de novos territórios, embora tenha sido um processo lento, acabou por gerar outros reinos cristãos.
No Século XI, a Península Ibérica tinha quatro reinos cristãos: Reino de Leão, Reino de Castela, Reino de Navarra, Reino de Aragão.
Os movimentos de avanços e recuos territoriais coincidiam com apoios externos e com a unificação ou desfragmentação política: a expansão cristã avança quando os cristãos recebem ajuda militar dos cruzados, das ordens religiosas e militares; o Califado de Córdoba fragiliza-se com a fragmentação em pequenos reinos chamados "reinos de taifa".
Em 1086, Afonso VI, rei de Leão e Castela, é derrotado pelos muçulmanos na Batalha de Zalaca e decide pedir auxílio militar ao Reino Franco. Do sul da França chegaram cavaleiros dispostos a combater os muçulmanos - é assim que D. Henrique chega à Península Ibérica.
É neste contexto que o rei de Leão e Castela ofereceu a D. Henrique a sua filha D. Teresa em casamento, bem como o Condado Portucalense, como recompensa de todo o seu empenho na luta contra os muçulmanos. Este território era delimitado pelos rios Minho (a Norte), parte do rio Douro (a Este) e do rio Mondego (a Sul). Com todo este processo, D. Henrique torna-se vassalo de D. Afonso VI.
Quando D. Henrique morre, em 1112, deixa um filho varão, D. Afonso Henriques, e o governo do Condado Portucalense passou para as mãos da viúva D. Teresa.
A ascensão de D. Afonso Henriques
O período em que D. Teresa governou o Condado Portucalense foi marcado por instabilidade política e militar: o seu envolvimento com dois nobres galegos foi entendido pela nobreza local como uma ameaça.
Também o Bispo de Braga receava a perda de autonomia territorial de Portugal, o que implicava a subordinação ao clero Galego.
Todas as figuras que desejavam a independência do condado unem-se em redor de D. Afonso Henriques, que acaba a defrontar as tropas da sua mãe na Batalha de S. Mamede, em 1128, da qual sai vitorioso, vindo a assumir, assim, o governo do Condado Portucalense, conduzindo-o à independência.
A partir de 1140, na sequência da vitória sobre os muçulmanos na Batalha de Ourique, D. Afonso Henriques começa a assinar os seus documentos como Rei, mas é apenas em 1143 que o seu primo Afonso VII o reconhece como Rei e o Condado de Portucalense como Reino de Portugal, através do Tratado de Zamora.
Para consolidar a independência, D. Afonso Henriques declara-se, em 1143, vassalo do Papa Inocêncio II, mas é apenas em 1179 que o Papa Alexandre III lhe reconhece o título de Rei, através da Bula Manifestis Probatum, documento que assinala oficialmente a independência política de Portugal.
D. Afonso Henriques conseguiu várias vitórias contra os muçulmanos, o que lhe garantiu imenso prestígio, e o alargamento do território português continuou após a sua morte, em 1185, com os seus sucessores, até à conquista definitiva do Algarve, em 1249, por Afonso III.
Porém a definição oficial das fronteiras com Leão e Castela dá-se no Tratado de Alcanizes, celebrado em 1297 entre D. Dinis de Portugal e D. Fernando de Leão e Castela.
Cronologia da formação de portugal
1143
Tratado de Zamora
1147
Conquista de Lisboa e Almada
1158
Conquista de Alcácer do Sal
1159
Conquista de Évora e Beja
1179
Bula Manifestis Probatum pelo Papa Alexandre III
1249
Conquista do Algarve
1297
Tratado de Alcanizes, entre Portugal e Castela
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Duração:
Unidade 1
Reconquista Cristã e formação de Portugal
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FAQs - Perguntas Frequentes
Quem foi o primeiro Rei de Portugal?
D. Afonso Henriques.
Quais eram os quatro reinos cristãos do Século XI?
No Século XI existiam na Península Ibérica os reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra e Aragão.