Neodarwinismo: Seleção natural, seleção artificial e variabilidade
Explicação
Também conhecida por Teoria Sintética da Evolução, foi criada no século XX por Dobzhansky e colaboradores, juntando os argumentos da Teoria da Evolução de Darwin, com os avanços no campo da Genética sobre variabilidade e transmissão de caracteres entre gerações.
Esta teoria explica o que a teoria de Darwin não conseguiu, nomeadamente, a origem das variações naturais entre indivíduos de uma mesma espécie, através do conceito de mutação e da Teoria da Hereditariedade de Mendel, assentando sobre 3 argumentos principais:
- Ao tomar a população como unidade básica evolutiva verifica-se a existência de variabilidade intrapopulacional;
- O mecanismo principal de evolução é a seleção natural, tal como Darwin propôs;
- Valida-se a Teoria do Gradualismo, isto é, grandes alterações resultam da acumulação de várias menores.
Variabilidade
A variabilidade observada entre diferentes indivíduos de uma determinada espécie pode ser explicada pelos fenómenos de mutação e recombinação génica aquando da meiose e da fecundação. Para tal, primeiro, é necessário tomar a população como unidade evolutiva em vez do indivíduo e, ainda antes, é preciso definir qual o conceito de "população" que se utiliza.
Área científica | Definição
|
Ecologia | Conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que vivem numa determinada área, num dado intervalo de tempo |
Genética | Conjunto de indivíduos capazes de se reproduzir sexuadamente e que partilham um determinado pool genético |
Nota: Em Genética, uma população que verifique todos os requerimentos para assim ser considerada também pode ser chamada de população mendeliana.
Mecanismos de alteração do pool genético
Mutações
Alterações abruptas no património genético que podem resultar na supressão, duplicação ou modificação de genes - mutação génica - ou de cromossomas - mutação cromossómica -, podendo conduzir tanto à inviabilidade dos organismos, como conferir vantagens ao portador.
É de notar que as mutações são a principal fonte de variabilidade, pelo que também são um grande fator de influência em processos de microevolução.
Recombinação génica
Ocorre durante os processos de meiose, aquando do crossing over de cromossomas homólogos e da fecundação, durante a junção do material genético dos progenitores.
Migração
Deslocação de indivíduos de uma população para outra. Quando o movimento é de saída, designa-se emigração e, quando é de entrada, imigração. Isto permite o estabelecimento de um fluxo génico interpopulacional.
Deriva genética
Variações puramente aleatórias, sendo importante frisar dois efeitos fundamentais:
Efeito Fundador
| Deslocação de um reduzido número de indivíduos para uma nova área, transportando apenas parte do pool genético |
Efeito Gargalo
| Diminuição brusca de uma população devido a alterações no meio, permitindo apenas a fixação dos genes dos sobreviventes |
Panmixia
Cruzamentos puramente aleatórios, isto é, onde não se verifica a tendência seletiva por um determinado fenótipo.
Seleção natural
Mecanismo de seleção do fenótipo mais apto ao meio, ou seja, das características anatómicas, fisiológicas e bioquímicas observáveis num indivíduo resultantes da expressão de um determinado conjunto de genes - genótipo - que estão melhor adaptadas ao ambiente.
Seleção artificial
Segue os mesmos princípios que a seleção natural, sendo mediada pelo ser humano em vez do ambiente, ocorrendo de forma mais rápida e com os organismos de maior interesse para nós sendo favorecidos.
Esta intervenção pode alterar o sentido da evolução natural, pois nem sempre o fenótipo com interesse para nós corresponde ao fenótipo mais apto.